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13. As duas etapas da redenção

No texto anterior foi exposto, em poucas palavras, como o argumento central do Novo Testamento é que Jesus é o Messias que o Antigo Testamento havia predito que viria e que, através deste homem, Deus traria sobre toda a Sua criação a salvação (redenção, restauração, bênção etc). Mas, existe um objeto que permeia todo o Novo Testamento: a cruz. O que ela diz sobre o Plano Redentor Divino?

É sabido que Jesus morreu em uma cruz e que a cruz acabou se tornando o símbolo do próprio Cristianismo. Mas, por que essa ênfase em um objeto de execução tão horrível, utilizado pelo Império Romano para punir certos criminosos e trazer medo aos que poderiam se rebelar contra aquele governo? Compreender o papel que a morte de Jesus cumpriu, de acordo com os escritores do Novo Testamento, é algo indispensável para entender o Plano do Criador para desfazer o mal no mundo.

Em poucas palavras, o Novo Testamento afirma que Jesus nasceu e viveu até aproximadamente os seus 30 anos de idade sem realizar nenhuma das coisas que ele fez após tal idade (fazer milagres, fazer discípulos, ensinar a Lei de Deus, confrontar os líderes religiosos de sua época etc). Foi apenas após ele ter sido batizado por seu primo João Batista, aos 30 anos, que Jesus começou a realizar todos os feitos que o tornariam famoso.

Mas, este período durou apenas 3 anos, aproximadamente: sua atuação em meio à sociedade judaica do período fez com que muitos líderes em Jerusalém o odiassem e, por fim, o entregassem para ser morto pelo Império Romano, que dominava a região. Utilizando diversas acusações falsas, os líderes de Israel conseguiram prender Jesus e considera-lo culpado de blasfêmia, levando-o à Pilatos (autoridade romana que governava a Judeia) e acusando-o de rebelião contra Roma e de crimes contra a Lei religiosa dos judeus. Após um julgamento injusto, Jesus foi condenado a morte.

O Novo Testamento afirma que, tendo Jesus morrido crucificado, ele foi sepultado e, após três dias, miraculosamente ressuscitou da morte. Quando ele morreu, seus discípulos desanimaram e praticamente todos pensaram que haviam se enganado quanto a Jesus ser realmente o Messias. Mas, após sua ressurreição, os mesmos discípulos deram continuidade à propagação da mensagem e dos ensinos de Jesus por todo o mundo – e tal mensagem alcançou os dias de hoje!

Nas palavras do próprio Jesus, a sua morte não foi um evento aleatório ou não previsto nas Escrituras:

 

“E disse-lhes [Jesus]: ‘Foi isso que eu lhes falei enquanto ainda estava com vocês: Era necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’. Então lhes abriu o entendimento, para que pudessem compreender as Escrituras. E lhes disse: ‘Está escrito que o Cristo haveria de sofrer e ressuscitar dos mortos no terceiro dia, e que em seu nome seria pregado o arrependimento para perdão de pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vocês são testemunhas destas coisas’ “ (Lc 24:44-48).

 

              Nestas poucas palavras, Jesus diz coisas muito importantes:

 

  1. Ele deixa claro que é o Cristo (o Ungido, o Messias) prometido pelo Antigo Testamento (Lei, Profetas e Salmos);

  2. Afirma que o Antigo Testamento contém profecias dizendo que o Cristo deveria morrer e depois ressuscitar;

  3. Ainda, disse que as Escrituras já haviam predito que após sua ressurreição, seus discípulos deveriam anunciar a todos os povos (Israel e gentios) que o Criador iria perdoar os pecados dos homens que se arrependessem (abandonassem a prática do mal) e cressem que Jesus é o Filho de Deus e o Salvador do mundo.

 

Como ressaltado em todo o Novo Testamento, a morte de Jesus e sua ressurreição foram eventos centrais para a mensagem de Deus aos povos, tanto para Israel quanto para os gentios. Essa mensagem, conhecida como Evangelho (que significa 'boas notícias') é justamente a anunciação que Jesus é o Cristo prometido desde Adão e Eva, como visto no texto anterior: todas as bênçãos divinas prometidas a Adão e Eva, a Abraão, a Davi e detalhadas pelos profetas, seriam trazidas ao mundo através de Jesus e que, quem Nele cresse, receberia tais promessas. Em especial, as promessas do perdão dos pecados, da vida eterna e da comunhão com Deus através do Espírito Santo seriam apresentados como os elementos centrais do Evangelho.

Mas, porque Jesus teve que morrer e ressuscitar? Na Lei de Moisés Deus deu diversas regras para a adoração no Templo em Jerusalém. Em especial, o Criador havia instituído que animais deveriam ser mortos para o perdão dos pecados das pessoas. Assim, através de vários ritos, os sacerdotes ofereciam no Templo sacrifícios de animais a fim de expiarem os pecados dos homens. Isso era feito porque “(...) segundo a Lei, (...) sem derramamento de sangue não há perdão (Hb 9:22). Paulo, explica esse mesmo princípio afirmando que “(...) o salário do pecado é a morte (...)” (Rm 6:23). O ensino das Escrituras é que os homens morrem porque eles pecam – inclusive foi o que Deus disse a Adão após a Queda (ver o texto 3), deixando claro que uma das consequências do pecado foi que o homem retornaria ao pó, ou seja, morreria. A morte, portanto, não é algo natural, mas é uma das consequências do pecado.

Porém, não só a morte é consequência do pecado, mas a Lei de Deus ensina que os pecados de um homem o tornam impuro para o Criador, separando-O espiritualmente de Deus. Assim, qualquer injustiça de um homem – por atos, palavras ou pensamentos – torna-o culpado em relação a Deus. Mas, a Lei também ensina que Deus perdoa o homem que se arrepende, através da morte de um substituto no lugar do pecador. Deste modo, com os sacrifícios, ao mesmo tempo que o homem é perdoado pelo Criador, o pecado também não fica sem pagamento, pois era 'pago' pela morte dos animais sacrificados no Templo de Jerusalém.

Assim, se a grande tragédia que a Queda fez foi tornar os homens naturalmente propensos ao pecado e introduzir a morte no mundo, o Novo Testamento afirma o seguinte: “Ele [Jesus] é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo” (1Jo 2:2). O termo propiciação aqui significa que a morte dele (Jesus) foi o sacrifício que pagou os pecados de todo o mundo. Não é uma afirmação bastante ousada? João neste trecho afirmou que a morte do Cristo na cruz foi recebida pelo Criador como suficiente para remover a culpa de toda humanidade. Dito de outro modo, outro João (o Batista), disse o seguinte certa vez quando viu Jesus passar perto dele: “(...) ‘Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!’ ” (Jo 1:29). Nada mais claro aqui: João relaciona Jesus com os animais que eram mortos diariamente conforme as instruções da Lei de Moisés, a fim de tirarem a culpa dos homens.

A comparação de Jesus com os animais mortos cerimonialmente no Templo é ainda mais forte, pois tais animais deveriam ser apresentados sem defeito nem manchas. Do mesmo modo, o Novo Testamento afirma que Jesus viveu uma vida sem pecado (sem mancha, sem defeito) e, deste modo, a sua morte pôde ser oferecida a Deus como substituição dos pecados dos homens e não como consequência de seus próprios pecados – pois ele não cometendo pecado algum, foi o único homem capaz de, por meio de sua morte, pagar o preço dos pecados da humanidade. A Escritura, ainda, afirma que era necessária a morte do Cristo, em favor dos homens, pois a vida de animais não tinha valor suficiente para salvar o mundo do pecado, mas apenas a vida do Filho de Deus teria tal valor. Assim, com a morte de Jesus, não mais é necessária a repetição de sacrifícios de animais, pois o sacrifício dele na cruz, teria resolvido de uma vez por todas o problema do pecado e da redenção do mundo.

Além disso, Jesus ressuscitou - e isto também é muito importante. Assim como a morte de Jesus foi o meio pelo qual Deus removeu os pecados dos homens, a sua ressurreição também cumpriu algo no Plano Redentor de Deus. Veja o que Paulo ensinou em sua 1º carta aos discípulos que viviam na cidade de Corinto:

 

Ora, se está sendo pregado que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como alguns de vocês estão dizendo que não existe ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, então nem mesmo Cristo ressuscitou; e, se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm. Mais que isso, seremos considerados falsas testemunhas de Deus, pois contra ele testemunhamos que ressuscitou a Cristo dentre os mortos. Mas se de fato os mortos não ressuscitam, ele também não ressuscitou a Cristo. Pois, se os mortos não ressuscitam, nem mesmo Cristo ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, inútil é a fé que vocês têm, e ainda estão em seus pecados (1Co 15:12-17).

 

Aqui Paulo complementa o ensino sobre o sacrifício de Jesus e sua relação com a salvação da humanidade. Aparentemente alguns estava dizendo que os mortos não ressuscitam e, em especial, que Jesus não havia ressuscitado. Paulo então diz que se o Messias não voltou dos mortos, tendo o seu corpo revivido, então os homens ainda estão em seus pecados. Ou seja, não só a morte de Jesus pagou os pecados, mas quando ele ressuscitou isso foi a indicação que os pecados dos homens foram de fato cancelados diante de Deus – pois, caso Jesus não tivesse ressuscitado, indicaria que ele próprio (Jesus) tinha pecado e sua morte seria apenas a marca da condenação do próprio Cristo, não servindo como substituição para ninguém. Como Pedro afirma:

 

Este homem lhes foi entregue por propósito determinado e pré-conhecimento de Deus; e vocês, com a ajuda de homens perversos, o mataram, pregando-o na cruz. Mas Deus o ressuscitou dos mortos, rompendo os laços da morte, porque era impossível que a morte o retivesse (At 2:23-24).

 

Pedro aqui afirma que era impossível que a morte prendesse Jesus, pois a consequência do pecado é a morte. Uma vez que o Cristo não tinha pecado, a sua morte foi recebida por Deus como pagamento dos pecados dos homens e, por ser perfeitamente santo, Jesus venceu a morte – sendo ressuscitado pelo Pai. Assim, Paulo fez questão de ser bem claro, dizendo que se Jesus não ressuscitou a esperança dos homens (a fé) é inútil, pois significaria que os nossos pecados não foram perdoados e que Jesus foi apenas mais um outro homem, com pecado e que, por isso, também destinado a morrer permanentemente:

 

“Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo as primícias dentre aqueles que dormiram. Visto que a morte veio por meio de um só homem, também a ressurreição dos mortos veio por meio de um só homem. Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem. Então virá o fim (...)” (1 Co 15:20-24).

             

Neste trecho é mostrado que, assim como a morte veio devido à Queda, a remoção da morte – a ressurreição dos mortos – veio por meio de Jesus. Pelo fato de todos serem filhos de Adão, todos herdam a morte como destino final. Mas, aqueles que pertencem a Cristo serão ressuscitados do mesmo modo que Jesus foi. Porém, isso ocorrerá em duas etapas: primeiro, a ressurreição do Messias, que já ocorreu. Depois, quando Jesus retornar dos céus, os que creram nele serão também libertados da morte. Após ele destruir tudo o que foi corrompido na Queda, pelos méritos de sua morte na cruz, virá o fim, quando todo o mal terá sido removido da Criação Divina e o Plano Redentor terá sido finalmente realizado. O que é ainda mais maravilhoso, é que todo o homem que crer nessa mensagem e abandonar seus pecados receberá a vida eterna, cujo preço nenhum homem tem condições de pagar. A isto, a Bíblia chama de ‘graça’ – um presente/dom de Deus a todo aquele que crê em Seu Filho e o obedece:

                           

“Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6:23).


Assim, o Novo Testamento esclarece um importante detalhe nas profecias e promessas presentes no Antigo Testamento: que a redenção de Deus, realizada por Seu Filho, teria duas etapas: na primeira, ele se ofereceria como sacrifício pelo mundo e que, após isso, os seus discípulos seriam encarregados de levar a sua mensagem a todos os povos, para que eles pudessem conhecer a bondade e a Salvação de Deus (pois Deus disse a Abraão que por meio de um filho seu todos os povos seriam abençoados). Após essa tarefa se cumprir, Jesus voltaria para finalmente executar a redenção que foi conquistada na cruz, trazendo ao mundo o que os profetas chamavam de 'O Dia do Senhor' (também chamado de 'Aquele Dia', o 'Dia de Cristo', 'o Dia de Deus'):


"E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim" (Mt 24:14).


e,


"Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? 13 Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça" (2Pe 3:12-13).


Resumindo, a cruz no ensina que Deus ama todas as pessoas e que, antes Dele trazer seu justo juízo contra nossos pecados, Ele nos oferece, por meio de Seu Filho Jesus, a possibilidade de sermos perdoados e, assim, termos acesso à única maneira de escapar da condenação eterna: e, quem crer verdadeiramente nesta boa notícia (que é o Evangelho), passará da condenação para a vida eterna, por meio de Jesus, o Messias que fora prometido desde a origem de todas as coisas.


 


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