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14. Vivendo entre a cruz e o Dia do Senhor

Este é o último texto deste estudo que tem como objetivo apresentar um panorama de toda a Escritura Sagrada, com ênfase no plano redentor de Deus. Até aqui, vimos que Deus profetizou durante vários séculos a vinda de um homem, na descendência de Abraão e Davi, que seria o salvador do mundo. No Novo Testamento, é apresentada a vida de Jesus, o Cristo (ou Messias) profetizado anteriormente. Por meio de sua morte na cruz, Ele salvou toda a humanidade de seus pecados, oferecendo a vida eterna a todos que crerem em sua mensagem (o Evangelho). Além disso, o Novo Testamento mostra que no Antigo Testamento não só havia profecias que este homem viria ao mundo, mas também que este homem não seria uma pessoa qualquer. Jesus refere-se a si mesmo, em certas passagens, como sendo o próprio Deus - e não só Ele, mas os escritores do Novo Testamento também fazem isso e utilizam os textos dos profetas antigos para comprovar essa revelação. Eis alguns exemplos:


  1. A introdução do Evangelho de João:


No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela (...). O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por meio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. João dá testemunho a respeito dele e exclama: — Este é aquele de quem eu dizia: "Ele vem depois de mim, mas é mais importante do que eu, pois já existia antes de mim" (João 1:1-5;10-15).


Muitas coisas são ditas aqui! Em primeiro lugar, João inicia seu evangelho afirmando claramente a divindade do Cristo. Ele usa a palavra 'Verbo' (em algumas bíblias usa-se 'Palavra'), para se referir a Jesus: João escreve que esse verbo é também Deus e criou todas as coisas (o verbo estava com Deus e era Deus), mas que também esse Verbo divino assumiu a forma humana (e o verbo se fez carne). No Cristianismo, emprega-se a palavra Trindade para se referir à Deus: um único Deus que existe como um conjunto de três pessoas (o Pai, o Verbo/o Filho e o Espírito Santo). Aqui nessa passagem, temos claramente duas das três pessoas da divindade: Deus e o Verbo, que também é Deus.


2. Em outras passagens neotestamentárias, como nos escritos de Paulo, também afirma-se claramente a divindade de Jesus:



Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! (Fp 2:5-8)


Já nesta outra passagem, Paulo simplesmente afirma que Jesus, mesmo sendo Deus, não considerou o ser igual a Deus algo a que devia apegar-se, mas deixou sua glória e tornou-se homem para morrer pela humanidade. Não necessita explicação alguma aqui, não é?


3. Para não ficar só com as palavras de seus discípulos, vamos ver como o próprio Jesus fala sobre sua natureza divina:


Em verdade, em verdade vos digo: Se alguém guardar a minha palavra, nunca jamais verá a morte. Disseram-lhe os judeus: Agora estamos certos que estás possesso de demônio. Abraão morreu e também os profetas, e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca jamais provará a morte. Porventura és tu maior do que nosso pai Abraão, que morreu? também os profetas morreram. Quem pretendes tu ser? Respondeu Jesus: Se eu me glorificar, a minha glória não é nada. Quem me glorifica é meu Pai, aquele que vós dizeis ser vosso Deus; entretanto vós não o tendes conhecido, mas eu o conheço. Se eu disser que não o conheço, serei como vós, mentiroso; mas eu o conheço e guardo a sua palavra. Vosso pai Abraão alegrou-se de ver o meu dia, viu-o e regozijou-se. Perguntaram-lhe os judeus: Ainda não tens cinqüenta anos, e viste a Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Antes que Abraão fosse feito, Eu Sou. Então pegaram em pedras, para lhe atirar, mas ele encobriu-se e saiu do templo (Jo 8:51-59).


Para entender essa passagem, é fundamental compreender que Jesus estava dialogando com uma plateia que conhecia muito bem o Antigo Testamento. Nesta passagem, Jesus faz referência a um texto conhecido dos israelitas, onde Deus se revela a Moisés antes de o enviar para salva-los do Egito. Veja a passagem:


Agora venha, e eu o enviarei a Faraó, para que você tire do Egito o meu povo, os filhos de Israel. Então Moisés perguntou a Deus:

— Quem sou eu para ir a Faraó e tirar do Egito os filhos de Israel?

Deus respondeu:

— Eu estarei com você. E este será o sinal de que eu o enviei: depois que você tiver tirado o povo do Egito, vocês adorarão a Deus neste monte. Moisés disse para Deus:

— Eis que, quando eu for falar com os filhos de Israel e lhes disser: "O Deus dos seus pais me enviou a vocês", eles vão perguntar: "Qual é o nome dele?" E então o que lhes direi?

Deus disse a Moisés: — Eu Sou o Que Sou.

Disse mais: — Assim você dirá aos filhos de Israel: "Eu Sou me enviou a vocês."

Deus disse ainda mais a Moisés:

— Assim você dirá aos filhos de Israel: "O Senhor, o Deus dos seus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vocês. Este é o meu nome eternamente, e assim serei lembrado de geração em geração" (Ex 3:10-15).


Esta passagem é maravilhosa! Deus aparece a Moisés o envia para tirar o povo Dele do Egito. Moisés então fica com receio do povo não acreditar nele e querer comprovar se Deus realmente falou com ele. Então Deus faz duas coisas: ele orienta Moisés sobre alguns sinais miraculosos que Ele faria por meio de Moisés para que o povo cresse (não está nessa passagem, mas caso queira ler, está aqui. Mas, junto com tais milagres, Deus disse a Moisés qual seria o Nome com o qual Ele deveria ser lembrado pelos israelitas para sempre: o EU SOU me enviou a vocês... esse é o meu nome eternamente e assim serei lembrado de geração e geração!


Voltando então à passagem do diálogo de Jesus com os judeus, fica agora muito óbvio porque que eles quiseram apedrajar Jesus, pois Ele se declarou Deus ao dizer: "antes de Abraão nascer EU SOU". Jesus não usou o termo 'deus' (elohim), que é usado não só para Deus, mas também para outros seres na língua hebraica (para anjos ou mesmo para homens, tendo o sentido de senhor ou alguém com autoridade). Jesus não quis deixar dúvida alguma: ele usou um nome que o próprio Deus disse que seria exclusivo Seu por todas as gerações: EU SOU! Deus, como sendo muito maior do que tudo que podemos entender ou afirmar sobre Ele, simplesmente não pode ser definido totalmente por nós, nem por palavras humanas. Ele então simplesmente nos chama a crer Nele, como sendo exatamente tudo o que Ele é! Nós podemos ser descritos, mas não Deus. ELE É O QUE É. Ele simplesmente existe para sempre, de eternidade a eternidade. Não só isso, o próprio significado da palavra Jeová (do hebraico YHWH) teria exatamente esse sentido: o que era, o que é e o que há de vir, o Eterno, o auto-existente, sem começo nem fim, infinito etc. Ou seja, quando Deus aparece a Moisés, Ele disse: eu sou o Eterno (Jeová). Jesus aqui, falou com toda clareza para um conhecedor das escrituras, que Ele é Deus. Não apenas um elohim (deus), mas O Elohim (Senhor e Deus), O Eterno EU SOU (Jeová). Assim, como pela lei de Moisés a blasfêmia era punida com a morte, entendemos agora porque os judeus pegaram em pedras para matar Jesus!!


Mas a boa notícia não termina aí! Não só o Messias na verdade é o próprio EU SOU que, por amor a nós, se tornou homem para morrer em nosso favor, mas Ele deu uma promessa maravilhosa junto com o Seu perdão: que Ele habitaria DENTRO de nós para sempre!


Para finalizar esse estudo, vamos refletir sobre uma oração que Jesus fez antes de ser preso e levado para morrer na cruz. Ela encontra-se no capítulo 17 do evangelho de João:


Depois de dizer isso, Jesus olhou para o céu e orou: "Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique. Pois lhe deste autoridade sobre toda a humanidade, para que conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste (Jo 17:1-3).


Esse é apenas o começo da oração de Jesus. Mas logo no começo, Jesus revela qual o objetivo final da obra de Deus: conceder aos homens a vida eterna! Mas, por vida eterna, Jesus não se referiu apenas a uma vida sem fim, sem morte, mas a algo muito superior e maravilhoso: a vida eterna é conhecer a Deus! Repare, porém, que Ele não disse que a vida eterna é conhecer informações sobre Deus, mas conhecê-lo! Ele não se referiu aqui a conhecimento teórico sobre o Pai, mas a relacionamento. Conhecer alguém significa relacionar-se com essa pessoa e não simplesmente obter informações sobre ela. Jesus está dizendo que a vida eterna é a comunhão com o Pai, que é invisível, por meio de Sua revelação visível, Jesus Cristo - e, isto só é possível, por meio do Espírito Santo que Deus dá para todo aquele que crê em Jesus e em Seu Evangelho:


Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele". Disse então Judas ( não o Iscariotes ): "Senhor, mas por que te revelarás a nós e não ao mundo? " Respondeu Jesus: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos nele morada. Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. Estas palavras que vocês estão ouvindo não são minhas; são de meu Pai que me enviou. "Tudo isso lhes tenho dito enquanto ainda estou com vocês. Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse (Jo 14:21-26).


Esta passagem é o último diálogo e ensino de Jesus aos seus discípulos antes da oração de João 17. Aqui Jesus mostra como a vida eterna é concedida: aqueles que amam Jesus, serão amados pelo Pai e o Pai e Cristo farão morada nessa pessoa, revelando-se a ela. E isso seria feito por meio do Conselheiro, do Espírito Santo, que seria enviado para todos os que cressem. Por isso que, aos que crêem e amam Jesus, Deus é revelado, mas aos que O rejeitam (chamados coletivamente aqui por Jesus de 'mundo') o Espírito Santo não é dado e, portanto, não podem reconhecer Cristo e a verdade do Evangelho. A vida eterna é sim uma vida sem fim, mas uma vida de alegria sem fim, pois será uma vida de comunhão com Deus, que é a única fonte de todo o bem, e paz, justiça, satisfação e alegria sem fim!


E você? Se leu até aqui, parabéns! Significa que você tem interesse em conhecer mais de Jesus e Sua mensagem. Te convido a nos conhecer, se você viver em Uberlândia/MG ou então procurar alguma igreja evangélica/protestante para conhecer mais do Evangelho. Deus te ama e deseja se revelar a você! Que Jesus te abençoe em todos os seus caminhos!!!




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