4. Os dois caminhos - Caim e Abel
Após a queda, a Bíblia passa a relatar diversos incidentes da descendência de Adão e Eva, deixando claro que alguns destes indivíduos passaram a trilhar caminhos maus e outros tiveram fé no Criador, perseguindo uma vida correta diante Dele. Um dos mais populares exemplos é a história de Caim e Abel, que narra o primeiro assassinato.
Este capítulo esclarece algo que a história da queda do homem não se ocupou de esclarecer: se os homens passaram a ter uma natureza corrompida, herdada de Adão e Eva, a humanidade não mais conseguiria viver de acordo com a natureza de Deus? O Criador não mais se agradaria da vida dos homens?
Em uma breve declaração, logo no início da Bíblia, já é dada a resposta: “(...) O Senhor aceitou com agrado Abel e sua oferta, mas não aceitou Caim e sua oferta (...)” (Gn 4:4-5). Esta declaração ensina princípios importantíssimos para a vida dos homens e seu relacionamento com Deus:
Embora os dois irmãos estivessem praticando algo religioso (levando uma oferta de seu trabalho para Deus), apenas um deles foi aceito pelo Criador:
A Escritura diz que Deus se agradou de Abel e de sua oferta, dando a entender que Abel levava uma vida justa para o Criador (pois Ele se agradou dele), mas que Caim não agradou a Deus e, por isso, sua oferta também não teve valor para Ele (Deus não aceitou Caim e sua oferta);
Abel viveu de modo justo diante do Criador, mesmo tendo herdado do primeiro casal uma natureza que havia sido corrompida pelo pecado;
Prosseguindo na história, Caim reagiu de modo mau à rejeição de Deus e, em seu íntimo, desejou matar seu irmão. Então Deus perguntou a Caim:
Por que você está furioso? Por que se transtornou o seu rosto? Se você fizer o bem, não será aceito? Mas se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo (Gn 4:6-7).
Esta fala do Criador para Caim desenvolve ainda mais os pontos acima mencionados:
Deus confirma o que foi dito, dizendo que se Caim fizesse o bem, ele também seria aceito, do mesmo modo que Abel;
Por outro lado, caso Caim rejeitasse ouvir a Deus e se entregasse ao seu desejo, passaria a ser dominado pelo pecado e permaneceria sob a rejeição do Criador;
A passagem expressa também a misericórdia de Deus, que não retribuiu a Caim o mal que já estava em seu coração, mas o chamou a mudar de atitude e viver uma vida correta – isso é o que a Bíblia chama de arrependimento. Não só isso, mas mesmo após o assassinato, Deus continua a não retribuir a Caim o mal que ele havia feito, poupando a sua vida e o protegendo de eventuais tentativas de vingança que os homens intentariam contra ele (no fim deste artigo há um link onde é possível ler a história completa de Caim e Abel);
Deus aceita toda pessoa que dá ouvido à Sua Voz (ao Seu Espírito, à Sua Palavra) e se arrepende da prática do mal (abandona o pecado).
Uma das mensagens fundamentais das Escrituras Sagradas já se encontra resumida na narrativa sobre Caim e Abel: Deus chama os homens para viver crendo em Sua Palavra, sob Sua direção e Seu governo. Do lado humano, só existem duas respostas: a fidelidade no chamado divino, que conduz o homem a uma vida agradável a Deus; ou a rejeição em se submeter ao Criador, mesmo que tal pessoa seja religiosa e professe crença em Deus, como Caim.
Em suma, este episódio nos mostra algo que posteriormente nas Escrituras será referido pela palavra fé: a confiança em Deus, a submissão à Sua vontade, a obediência de coração ao Senhor - e não a mera prática de cerimônias religiosas, pensamento positivo ou a simples crença em verdades professadas por uma religião.